Recife

Recife
Recife. Foto Rainner Arthur

sábado, 24 de janeiro de 2015

Poesias de Meu Pai - Anoitecer


Era um clarão vermelho-amarelado
Barro rosado, que o oeste revestia
Nuvem cinza vestindo a fantasia
De um por de sol febril e apaixonado

A selva na colina adormecia
Ao canto do sabiá, quase chorado,
Chamando para o ninho abandonado
O filhote contente que fugia.

O regato entre o junco se embrenhava
Como cobra ligeira se escondia
Pela sombra da noite que chegava.

Na casinha distante um cão latia,
Sob velha sucupira eu descansava
Tomado pela lua que surgia

Olinda, 14/07/2006

sábado, 3 de janeiro de 2015

Poesias de Meu Pai - Triste Alegria














Nessa triste alegria do envelhecer
Procuro na memória enfraquecida
Uma lembrança que ora revivida
Torne-me agradecido o meu viver

Tal fita de cinema envelhecida,
Sol poente num distante entardecer,
Noite sem brilho, fraco amanhecer.
Sombra, somente sombra em minha vida.

Lágrimas do silêncio do meu peito
Acendem rastros na areia do passado.
Relembrar talvez não seja o jeito

De medicar o espírito adoentado.
Deixa que chore o velho no seu leito
Quando permanece à noite acordado

                                                                  Olinda, 31 de Agosto de 2007

Poesias de Meu Pai

Irei iniciar uma nova sessão de posts contendo poesias que meu pai, José Florêncio Teixeira, escreveu um dia, ou ainda irá escrever.
Meu pai começou a escrever poesia ainda quando muito jovem, o próprio nome dos filhos já foi uma poesia: Ricardo Alexandre, Rômulo Aníbal e Rainner Arthur. De verdade, e sem legislar em benefício próprio, conheço poucas pessoas com nomes tão bonitos e com uma sonoridade tão perfeita quanto o meu e dos meus irmãos, talvez tenha sido por isso que meu nome só foi escolhido após 5 meses depois de eu ter nascido, pelo menos assim me contaram. O nome da minha irmã foge um pouco essa regra, Lúcia Valéria, seu nome tem uma história menos poética mas também muito tocante.
Mas deixando os nomes de lado e voltando a poesia, a mais antiga que tenho datada em mãos é de 1967 mas sei que ele já escrevia poesias antes disso, pelos mais diversos motivos e nos mais diversos momentos. Colocarei as poesias sem qualquer critério cronológico ou de qualquer outro tipo, talvez algumas contenham palavras que não são mais usuais, porém irei mantê-las respeitando em alguns momentos a grafia da época. Espero que as apreciem assim como aprecio e que dessa forma meu pai seja eternizado também por esse feito.