Havia u'a estrela pelo chão da mata
E o sol de prata veio beijar-lhe os seios,
O corpo pálido de estrela virgem,
Sentiu vertigem por dóceis anseios.
Como era bela sobre o chão deitada
A estrela amada pelo rei do céu!
A folha verde que da árvore via
Sobre a frente fria veio deitar-lhe o véu.
As flores todas sem nenhum queixume
O seu perfume mandaram aos dois.
E o vento alegre numa serenata
Fez rangir a mata e cantou depois.
A estrela virgem tira a veste sua
E já quase nua faz o sol pasmar
E dos seios belos que só pedem beijos,
Raios de desejos mandam ao sol levar.
Do gigante audaz a alegria cresce
E sobre a virgem desce o corpo seu.
Ela molemente os braços distende
E o astro entende - Todo o meu corpo é teu.
De róseo belo se pinta todo Oeste
E a noite veste toda a mata densa.
- Tens que partir para a tua amante além.
E o sol - Ninguém o nosso amor compensa.
A noite cai sobre o casal ditoso,
E os dois em gozo não sentem sequer
Agora não era o sol que amava a estrela,
Já não era uma estrela, Ela era mulher.
José Florêncio Teixeira
23-04-1963