(A minha mãe)
Caminhei,
Despercebido e só
Pelas veredas antigas,
Margeadas de chananas branquinhas
Onde as abelhas matutinas
Raspavam o pólen virgem
Para o fabrico do mel
Na minha terra natal.
Desfiei pensamentos secretos
Sonhos desfeitos
Que no passar do tempo
A memória escondeu
Mas nunca apagou
Aqui eu vi,
A casa dos marimbondos
Na velha laranjeira
Onde o sabiá da mata
Chorava suas saudades
Quando o sol descambava
Por traz das folhas tremulas
Dos coqueiros gigantes
Caminhei,
Despercebido e só
Pelas margens do riacho da Prata
Onde a lenda contava
Que no alagadiço
Sumiu o carro de bois
Com as três parelhas,
E a noite se escutava ainda
O chiado comprido e mal assombrado,
Ou o grito de eiaaa
Do carreiro desaparecido
Caminhei pelas noites enluaradas
Quando a lua apressada
Corria no céu estrelado,
Deixando para trás as sombras,
Alcançando sempre primeiro
O destino que eu sonhava
Minha mãe prevendo a queda
Na carreira descompassada
Explicava sorrindo,
Não adianta correr
Caminhando ela chegará com você.
Recife
![Recife](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJl0TNL13BMsmdQhD3tGH7ZCs69KEz6yjESLxjiG9ORVAhSJYDaakgDwaPWu5lj115AxNeC7cG7A_rHQMTSJeri1sge3zP2d7zu4UCCwDTtRQhtoMVidJqSGGR5SGxrpvFGwNEDOJ_uA/s760/Meu+Recife.jpg)
Recife. Foto Rainner Arthur
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
Poesias de Meu Pai - Devaneio
Quando pelas escarpas da colina
Corre a sombra da noite lentamente
E lá no topo o sino da capela
Mistura seu som aos tons do sol poente,
E os pássaros se aninham nas ramagens
Sussurrando baixinho os seus amores
Também a onda se arrasta pela praia
Chamando pra o descanso os pescadores
Sentado no aconchego da varanda
Eu procuro nas nuvens que se foram
As sombras que povoam o meu passado
Nas lágrimas que só os poetas choram
Desliza o teu retrato pela face
Do canto que jamais será cantado
Corre a sombra da noite lentamente
E lá no topo o sino da capela
Mistura seu som aos tons do sol poente,
E os pássaros se aninham nas ramagens
Sussurrando baixinho os seus amores
Também a onda se arrasta pela praia
Chamando pra o descanso os pescadores
Sentado no aconchego da varanda
Eu procuro nas nuvens que se foram
As sombras que povoam o meu passado
Nas lágrimas que só os poetas choram
Desliza o teu retrato pela face
Do canto que jamais será cantado
Poesias de Meu Pai - S A U D A D E
(elegia) À M José
Quando pousa o meu pensamento
Cansado de vagar no infinito
Na busca do silêncio que o motiva
Ou no sorriso triste de tua dor.
Como um frágil ramo verde
Vergado ao peso de tua imagem
Deixa cair o frio orvalho
Gerado nas dores da madrugada.
A folha pendida que varre o chão
Arrastada pelo vento da saudade
Roça de leve o rastro que deixaste
Gravado na areia do meu coração
Verga minh'alma ao peso reminiscente
Do tempo enraizado profundamente,
E dos frutos já quase amarelados
Que choram no meu peito tua ausência.
Quando pousa o meu pensamento
Cansado de vagar no infinito
Na busca do silêncio que o motiva
Ou no sorriso triste de tua dor.
Como um frágil ramo verde
Vergado ao peso de tua imagem
Deixa cair o frio orvalho
Gerado nas dores da madrugada.
A folha pendida que varre o chão
Arrastada pelo vento da saudade
Roça de leve o rastro que deixaste
Gravado na areia do meu coração
Verga minh'alma ao peso reminiscente
Do tempo enraizado profundamente,
E dos frutos já quase amarelados
Que choram no meu peito tua ausência.
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