(A minha mãe)
Caminhei,
Despercebido e só
Pelas veredas antigas,
Margeadas de chananas branquinhas
Onde as abelhas matutinas
Raspavam o pólen virgem
Para o fabrico do mel
Na minha terra natal.
Desfiei pensamentos secretos
Sonhos desfeitos
Que no passar do tempo
A memória escondeu
Mas nunca apagou
Aqui eu vi,
A casa dos marimbondos
Na velha laranjeira
Onde o sabiá da mata
Chorava suas saudades
Quando o sol descambava
Por traz das folhas tremulas
Dos coqueiros gigantes
Caminhei,
Despercebido e só
Pelas margens do riacho da Prata
Onde a lenda contava
Que no alagadiço
Sumiu o carro de bois
Com as três parelhas,
E a noite se escutava ainda
O chiado comprido e mal assombrado,
Ou o grito de eiaaa
Do carreiro desaparecido
Caminhei pelas noites enluaradas
Quando a lua apressada
Corria no céu estrelado,
Deixando para trás as sombras,
Alcançando sempre primeiro
O destino que eu sonhava
Minha mãe prevendo a queda
Na carreira descompassada
Explicava sorrindo,
Não adianta correr
Caminhando ela chegará com você.
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